Ouço as músicas da década passada, atrasada... Sinto-me reconfortada aos sons de uma época em que tudo me era seguro - ou pelo menos assim eu acreditava. E existe mesmo segurança? Onde, quando? E por que tanta ânsia em sentir-se assim? Não seria mais simples apenas acreditar e viver? Você me conta do seu dia, dos acontecimentos do fim de semana, de dores e mazelas outras, de intoxicações alimentares. Mas não me diz de você. Não me deixa te sentir. Me dá seu corpo, seu gozo, sua disposição e seu cansaço. Mas o que sinto não é você: é este seu personagem, criado para interagir com nós outros(as). Vou-me e acho mesmo que estou te deixando... Mais que uma despedida no 'bom dia', com um beijo quase obrigatório: eu te deixo. Na rua, na esquina, na sua vida. No seu medo.