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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Pastel de Tilápia

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Ela nunca gostara de pastel frito. Sim, ela era "chata pra comer", como ele agora fazia questão de enfatizar. Ela se resignara: fazer o que? Porque salgados, frituras, gorduras e afins nunca fizeram sua cabeça ou seu estômago: seu paladar era pros doces e guloseimas... coisas que a plenitude dos anos lhe trouxera: permitir-se! Nas festinhas, ela era dos docinhos, raramente dos salgadinhos. E dos bolos, especialmente se fossem de chocolate - será que o motivo era ter nascido num mês festivo? Leu isso nalgum lugar e se identificou: ela gostava mesmo de festejar com "bolo, guaraná e muito doce pra você"! Mas isso já é outro devaneio; agora ela estava pensando era na ironia da situação: exatamente no final de semana dos seus novos anos... pastel frito??? Chegaram na pequena cidade no horário do almoço, depois de uma viagem mais ou menos longa e algumas escalas. Finalmente ela iria ter uns dias de solitude compartilhada - com ele. Tinham tomado café na estrad

Impropério

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Ela não era dada a impropérios com frequência - pelo menos não ultimamente. Ainda mais naquelas circunstâncias: estavam se conhecendo, ela tentando "dar o melhor de si"(!). Não que isso fosse uma preocupação real dela, há muito estava praticando o desapego da encenação... Pra que se passar por alguém que de fato não é? Num cenário em que as máscaras físicas já nos eram necessárias, ela há muito optara por ser real. Mas não era do tipo que xingava, questão de princípios...  E tudo estava caminhando - literalmente - muito bem: embora não tivessem conseguido visitar o museu, nem comer os prometidos churros, o passeio estava agradabilíssimo! Fotos, contemplação, caminhadas... e como caminharam naquele dia! O destino final era a escada rolante, ops: roda gigante! O que estava acontecendo com ela? Desde que o conhecera, vivia trocando as palavras, embolando as frases! E, estranhamente, tudo era muito simples e natural ao seu lado, ainda assim. Depois de finalmente chegarem à afamad

A captura

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Tudo começou assim, como uma brincadeira... e foi crescendo, está crescendo - em constante evolução. Um estranhamento, que deu lugar à sintonia e à captura dos olhares. Olhares de curiosidade, de interesse. Conversas rápidas, fluidas, com o humor sempre em destaque. Ele sempre muito ocupado e atarefado; ela falante e instigante. Ambos com paixão pelos olhares capturados e captáveis. Aquele estranhamento foi se tornando sua linguagem, sua conexão e sua sintonia. Um dia, uma imagem e uma mensagem subliminar. Uma porta que, entreaberta, foi sendo escancarada. Um flerte sutil e contínuo - tímido. A distância física os aproximava nos interesses, fantasias e possibilidades. As vozes passaram a compor aquela dança lenta, porém contínua. E então a surpresa: uma possibilidade real, palpável e próxima. Os protocolos de segurança e os inconvenientes estavam ali para serem seguidos e superados. A insegurança de ambos quase pôs fim àquela novidade. Ele falou, mas não sugeriu; ela sugeriu, mas em se