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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Sutura

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Necessito de uma sutura, uma costura Pras lonjuras que me assolam – assim como com o Caio Pras investiduras que me faltam Pros dias e noites duras, que duram Pros cortes e fraturas Pra depois de extirpar os abscessos Desse excesso de acessos Necessito de cura.

Corante constante-relevante

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Um casa amarela me observa. Olhos atentos e janelas abertas. Quatro janelas. Parece-me significativo. Estou de amarelo e tenho especial predileção pelo número quatro. Vivo enxergando sinais, decifrando símbolos. Não que isso seja importante ou real - para outras pessoas. O que te importa? Quem se importa? Qual a medida da importância? Para cada qual, uma resposta diferente. Cabe responder com a sua verdade. Com aquilo que faz sentido e eco em si. Vivo respondendo às minhas perguntas e me perguntando. Para mim é importante. Importa-me enxergar os olhos atentos da casa amarela, com quatro janelas abertas. Serena, silenciosa. Ao cair da tarde, em meio ao movimento da rua. Ela permanecerá sempre ali: claro, é uma casa! Mas quem a habita ou ocupa? É residencial ou comercial? Quando é movimentada e qual seu movimento? Meu cérebro movimenta-se em possibilidades. Todas criações das minhas verdades, da minha realidade. Perguntas que me faço, que têm respostas reais. Mas prefiro criar minhas pró

A sereia da Pampulha - Cap. 4

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Toda minha preparação mental foi em vão: fui literalmente barrada na portaria!  vigilante fez cara de poucos amigos quando me viu subindo as escadas, resolutamente. Qual o que?! Com a mesma gravidade que procurei imprimir à minha expressão, ele me informou que o parque estava fechado para visitação. Mas e aquelas pessoas que eu vira circulando? – inquiri. Respondeu-me que eram funcionários da manutenção que, eventualmente, rodavam nos brinquedos para testá-los. Logo agora, que eu tinha traçado um plano de ação: do alto da roda gigante eu teria uma visão panorâmica da lagoa e de pontos interessantes para exploração! O mais alto que eu conseguira chegar, até então, era ao topo da escadaria do parque. E tudo que pude ver, olhando em volta, foi a silhueta do “Gigante da Pampulha” e seu irmão menor: o Mineirão e o Mineirinho, lado a lado. Não me fiz de rogada. Tentei convencer o grave rapaz a me deixar fazer a ronda dos brinquedos com os técnicos da manutenção, porque se tratava de um traba

A Sereia da Pampulha - Cap. 3

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Olhei em volta. Precisava pensar rápido. E agir também. O número de pessoas já havia aumentado consideravelmente desde que eu começara com meus devaneios... Ok: se eu fosse uma sereia atualizada, repaginada, qual local escolheria para uma aparição? Por mais que compartilhassem das águas, claramente o dia não era dela: a Rainha era o centro das atenções e iria ofuscar quaisquer outras presenças, com certeza! Eu precisava pensar como uma sereia... porque na minha improvisada e amadora investigação, esqueci também da logística, peça fundamental - por que é que eu sempre adiava aquela bendita carteira de motorista?! Hora dessas eu já teria percorrido toda a orla e identificado um local estratégico! Mas... e o romantismo da situação? Porque palmilhar aqueles caminhos me proporcionaria outras descobertas e possibilidades, bem ao estilo Miss Marple - embora naquele momento eu só conseguisse me lembrar dos meninos do filme "Os Goonies"! Aproveitei pra me servir de Cindy Lauper na tri

A Sereia da Pampulha - Cap. 2

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Já que ia mesmo ter que caminhar por ali e exercitar minha paciência jornalística para aquela apuração, aproveitei. Tirei os tênis, sentei na grama, apreciei a paisagem: "dei uma" de turista! Há quanto tempo eu não fazia isso? É fato que os tempos não estavam propícios para passeios em geral... mas como era uma terça-feira de fevereiro, cri que estaria mais tranquilo. Inocente dedução, porque parece que todo mundo estava com o mesmo pensamento e vontade de respiro. Isso não era um bom sinal, pensei. Esse povaréu vai afugentar minha presa! Quer dizer, não que eu fosse pretensiosa ao ponto de achar que iria capturá-la... já teria sorte se eu a encontrasse! Mas aquela concentração cada vez maior de pessoas não me pareceu um bom presságio. Decidi sair daquele meu idílio e ir à luta! Afinal, a sereia não estaria "dando sopa" pra qualquer curiosa que aparecesse! Embora eu contasse com um detalhe favorável, não era pra deixar o otimismo turvar o bom senso e o realismo. Era

A Sereia da Pampulha - Cap. 1

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Lenda urbana. Folclore local. Não se sabe. Mas a história ganhou força e agora vive no imaginário da população. E de quem ouve o relato. Assim como aconteceu com a Loura do Bonfim. Ou o Capeta do Vilarinho. Esse último ganhou até trilha sonora! Fato é que não há comprovação alguma da veracidade dos "causos" que se espalharam. Cada um mais fantástico que o outro! Tentei investigar e fazer jus às minhas aptidões. Em vão: só encontrei as capivaras... e uns peixes? Sempre tem um pescador esperançoso na beira da lagoa, a qualquer hora do dia ou da noite. Basta dar uma voltinha que você logo encontra um. E são eles os primeiros a jurarem, de pé junto, que ela existe: a Sereia da Pampulha! O título, por si, já é inverossímil: sereias são seres marítimos, como uma habitaria a lagoa??? Ainda mais sendo uma lagoa artificial! Mas... lembremos das capivaras: como foram parar lá? E os aguapés, reproduzindo-se descontroladamente! A cidade encerra muitos mistérios e não serei eu