Uma folha em branco me encara, expectante. Enfrento-a, embora sem muita convicção de corresponder ao seu convite. Estou sequiosa por palavras que preencham esse espaço que se instalou: aqui, aí, entre nós. Símbolos gráficos que expressem o que não consigo definir. Onde aquela conexão hilariante, automática e presente? Será já o hábito, acomodando-nos? O tempo, que parecia ter sua cronologia própria conosco, parece ter retornado ao seu andamento normal, pesando e repisando seus segundos, minutos, horas... esse contador de hiatos que se agora recusam a formar ditongos por meio das palavras, até então nossas aliadas! Logo elas, que flutuavam com inacreditável leveza entre nós, indo e voltando num ritmo constante e estimulante... Falamos, digitamos, mas não estamos nos comunicando verdadeiramente. Ouvimo-nos sem escutarmo-nos. Somos relatórios ambulantes de uma rotina multitarefada. Não falamos quem realmente somos, o que sentimos, o que queremos, o que nos faz sorrir ou o que nos entriste