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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Do dia seguinte

Almejo por uma greta de vento na exígua janela do quarto e espicho meu pé para puxar uma de suas folhas um pouco mais – eu tenho essas habilidades dos parentes primatas... “O que que pega? A mão e o pé do macaco” – o meu também. Já não me lembro daquela ideia e persigo outra, na insônia que agora me ataca. Isso ocorre com freqüência, quando estou assim, sem conseguir conciliar o sono: as idéias pululam e não tenho como expressa-las... Aí elas vão-se, como vieram. Ou retornam, no dia seguinte, na hora em que a cabeça está ávida por pensamentos, as mãos por tarefas, o coração por paz...

Diário de bordo.com

"Estúpido diário, troquei o céu azul, o sol radiante e o clima ameno da minha pacata cidade pelo mórbido cinza paulistano. Não posso dizer que estou feliz (essa não seria eu), mas estou bem. Aqui tem um pouco de Nova York: aquela cidade onde tudo pode acontecer. Onde a ilusão sustenta tudo e, assim, dá pra viver um dia, depois o outro, depois o outro. Porque talvez seja amanhã ou daqui a um ano ou daqui a dez, nunca se sabe. Mas é preciso estar aqui porque aqui fica a um passo da fama, da glória e do impossível. (Mas esta lição eu já aprendi: nada vai acontecer.) Talvez a Dri esteja certa, não há NY fora de lá. O problema é que aquele lugar contamina e aquela vida de cachorro vicia e quando a gente sai, fica vendo a cidade em todo lugar e tem essa ilusão infantil de que lá a gente era feliz. À distância, a beleza é absurdamente fácil. " só porque eu gostei e não queria jogar fora o cartão sem registrar essas palavras...

Inflexões reflexivas

Por que tal silêncio fez-se nos meus lábios? Eu só queria uma certa regularidade de palavras e sons e sentimentos, que pudessem dizer – ou se fazer saber – das minhas inconstâncias... Pensando melhor, que nada: nem há inconstâncias! Há, ao contrário, uma continuidade de sorrisos e vibrações harmônicas – hahaha, estou holística hoje! Alguém já disse: “o silêncio absorve as energias para a criação de um som que aparece com o tempo, para cores que não podem ser escondidas. Isso é envelhecer. É brando e suave, ou poderia ser para doer menos” – e resumiu-me... A proximidade com meu ‘novo ano’ está deixando-me mais serena, ainda que momentaneamente. Vou deixando Balzac e aproximando-me mais dos lupinos... Será a ‘idade da sabedoria’, antecipando-se? Oh! Quanta pretensão manifesta-se em mim hoje!!! Rsrsrsrsrs... PS: descobri agora que a idade da loba compreende a idade de balzaquianas - dos 35 ao 40 anos: “ma Che”! #contandoosdias

Eu e você

Às vezes eu te escuto. Sua voz adquire outro timbre, outra cor. Você sorri, extravasa, é apenas você mesma nestes momentos. Esquece-se do seu lugar, daquela postura que tem que impor – sim, foi você quem a inventou para si. Eu já estive em lugar semelhante e descobri o quão difícil é. Adoeci, emagreci, minhas ilusões e vaidades perdi. Eu não quero, não desejo esse ou outro lugar. Por menos que isso desisti, de lugar, de título, de recompensas... Eu escolhi sorrir. Sempre, de preferência – mesmo que a cabeça esteja doendo, que o coração esteja machucado, que o seu humor não esteja bom.

Desejos

Ontem escrevi nada. Senti tudo. Desejo Desejo primeiro que você ame, E que, amando, também seja amado. E que, se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, Mas, se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos, Que mesmo maus e inconseqüentes, Sejam corajosos e fieis, E que pelo menos num deles, Você possa confiar sem duvidar. Desejo ainda que você tenha inimigos. Nem muitos, nem poucos, Mas na medida exata para que, algumas vezes, Você se interpele a respeito De suas próprias certezas. E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo, Para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo ainda que você seja tolerante, Não com os que erram pouco, Porque isso é fácil, Mas com os que erram muito e irremediavelmente, E que, fazendo bom uso dessa tolerância, Você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, Não amadureça depressa demais, E que, sendo maduro, Não

Por que?

O porquê é uma ótima maneira de resolver uma dúvida. Ou iniciar uma discussão. Depende da forma como a pergunta é feita, de como se conduz o assunto. Por que não paro de me lembrar de fatos e pessoas que desejo esquecer? Por que datas e situações me trazem à mente certas lembranças? Não seria tão melhor nos valermos de recursos médicos modernos, que nos fariam apagar determinados arquivos da memória? Há tempos vi uma reportagem que salientou essa possibilidade neurológica às pessoas... Eu seria a primeira a candidatar-me às experiências clínicas, voluntariamente. Imagine que boa ideia eliminarmos aquelas partes de nossas vidas das quais não sentimos falta ou não nos orgulhamos? Ocorreu-me, agora, entretanto, o quão covardes e superficiais poderíamos nos tornar... Sim, pois se poderíamos eliminar lembranças indesejáveis, qual nosso mérito em superar e conviver com elas? Aff... Lembrar-me-ei disso ao tentar te esquecer...!