Postagens

Mostrando postagens de 2012

Do dia seguinte

Almejo por uma greta de vento na exígua janela do quarto e espicho meu pé para puxar uma de suas folhas um pouco mais – eu tenho essas habilidades dos parentes primatas... “O que que pega? A mão e o pé do macaco” – o meu também. Já não me lembro daquela ideia e persigo outra, na insônia que agora me ataca. Isso ocorre com freqüência, quando estou assim, sem conseguir conciliar o sono: as idéias pululam e não tenho como expressa-las... Aí elas vão-se, como vieram. Ou retornam, no dia seguinte, na hora em que a cabeça está ávida por pensamentos, as mãos por tarefas, o coração por paz...

Diário de bordo.com

"Estúpido diário, troquei o céu azul, o sol radiante e o clima ameno da minha pacata cidade pelo mórbido cinza paulistano. Não posso dizer que estou feliz (essa não seria eu), mas estou bem. Aqui tem um pouco de Nova York: aquela cidade onde tudo pode acontecer. Onde a ilusão sustenta tudo e, assim, dá pra viver um dia, depois o outro, depois o outro. Porque talvez seja amanhã ou daqui a um ano ou daqui a dez, nunca se sabe. Mas é preciso estar aqui porque aqui fica a um passo da fama, da glória e do impossível. (Mas esta lição eu já aprendi: nada vai acontecer.) Talvez a Dri esteja certa, não há NY fora de lá. O problema é que aquele lugar contamina e aquela vida de cachorro vicia e quando a gente sai, fica vendo a cidade em todo lugar e tem essa ilusão infantil de que lá a gente era feliz. À distância, a beleza é absurdamente fácil. " só porque eu gostei e não queria jogar fora o cartão sem registrar essas palavras...

Inflexões reflexivas

Por que tal silêncio fez-se nos meus lábios? Eu só queria uma certa regularidade de palavras e sons e sentimentos, que pudessem dizer – ou se fazer saber – das minhas inconstâncias... Pensando melhor, que nada: nem há inconstâncias! Há, ao contrário, uma continuidade de sorrisos e vibrações harmônicas – hahaha, estou holística hoje! Alguém já disse: “o silêncio absorve as energias para a criação de um som que aparece com o tempo, para cores que não podem ser escondidas. Isso é envelhecer. É brando e suave, ou poderia ser para doer menos” – e resumiu-me... A proximidade com meu ‘novo ano’ está deixando-me mais serena, ainda que momentaneamente. Vou deixando Balzac e aproximando-me mais dos lupinos... Será a ‘idade da sabedoria’, antecipando-se? Oh! Quanta pretensão manifesta-se em mim hoje!!! Rsrsrsrsrs... PS: descobri agora que a idade da loba compreende a idade de balzaquianas - dos 35 ao 40 anos: “ma Che”! #contandoosdias

Eu e você

Às vezes eu te escuto. Sua voz adquire outro timbre, outra cor. Você sorri, extravasa, é apenas você mesma nestes momentos. Esquece-se do seu lugar, daquela postura que tem que impor – sim, foi você quem a inventou para si. Eu já estive em lugar semelhante e descobri o quão difícil é. Adoeci, emagreci, minhas ilusões e vaidades perdi. Eu não quero, não desejo esse ou outro lugar. Por menos que isso desisti, de lugar, de título, de recompensas... Eu escolhi sorrir. Sempre, de preferência – mesmo que a cabeça esteja doendo, que o coração esteja machucado, que o seu humor não esteja bom.

Desejos

Ontem escrevi nada. Senti tudo. Desejo Desejo primeiro que você ame, E que, amando, também seja amado. E que, se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, Mas, se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos, Que mesmo maus e inconseqüentes, Sejam corajosos e fieis, E que pelo menos num deles, Você possa confiar sem duvidar. Desejo ainda que você tenha inimigos. Nem muitos, nem poucos, Mas na medida exata para que, algumas vezes, Você se interpele a respeito De suas próprias certezas. E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo, Para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo ainda que você seja tolerante, Não com os que erram pouco, Porque isso é fácil, Mas com os que erram muito e irremediavelmente, E que, fazendo bom uso dessa tolerância, Você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, Não amadureça depressa demais, E que, sendo maduro, Não

Por que?

O porquê é uma ótima maneira de resolver uma dúvida. Ou iniciar uma discussão. Depende da forma como a pergunta é feita, de como se conduz o assunto. Por que não paro de me lembrar de fatos e pessoas que desejo esquecer? Por que datas e situações me trazem à mente certas lembranças? Não seria tão melhor nos valermos de recursos médicos modernos, que nos fariam apagar determinados arquivos da memória? Há tempos vi uma reportagem que salientou essa possibilidade neurológica às pessoas... Eu seria a primeira a candidatar-me às experiências clínicas, voluntariamente. Imagine que boa ideia eliminarmos aquelas partes de nossas vidas das quais não sentimos falta ou não nos orgulhamos? Ocorreu-me, agora, entretanto, o quão covardes e superficiais poderíamos nos tornar... Sim, pois se poderíamos eliminar lembranças indesejáveis, qual nosso mérito em superar e conviver com elas? Aff... Lembrar-me-ei disso ao tentar te esquecer...!

Medalha de Prata

Aquele tom branco-prateado em seus cabelos a deixava louca! E o sorriso sempre nos lábios, o bom humor... Hum... Quantos anos ele teria? A pergunta certa era: quantos filhos ele teria, há quantos anos era casado...! Ele sentado em sua galância, na mesa ao lado, tão longe e tão perto... Ah, se ele soubesse as coisas que ela pensava naquele exato momento! Aquela sua camisa salmão era um must, mas não superava quando ele se prateava da cabeça aos pés! Desistiu daquele delírio e voltou à realidade: acordou sobressaltada com o toque do despertador. O marido, ao lado, abraçou-lhe e a acariciou com o beijo de bom dia. Pensou: isso sim é que é felicidade campeã... pra que sonho?

A surpresa

Tinha cometido uma imprudência bem na volta do feriado prolongado: saíra para o trabalho no horário de sempre. Ledo engano, já que o trânsito não compartilhava das mesmas ideias para a segunda-feira. O resultado? Um engarrafamento colossal nas vias de acesso à rodoviária e, obviamente, no seu caminho! Desesperou-se com o iminente atraso, ainda mais por estar trabalhando naquele setor só há duas semanas. Fez o que podia, desceu do coletivo, tentou mudar a rota, entrou noutra condução – sem sucesso. Parecia mesmo que a ‘vida falava’, como dizia sempre uma voz amiga. Por que insistira em passar a noite fora, longe de casa, se tudo demonstrava que aquela aventura não ‘ia prestar’? Bom, pelo menos o filme valera a pena, a companhia também... Concentrou-se novamente no que faria para amenizar a situação, já que a tentativa de mudar o caminho não havia funcionado. Ligou para o trabalho e avisou ao colega do contratempo, rezando para que o atraso não fosse extremo. Quarenta minutos depois, ain

Outra surpresa

Saiu cansada, mas ainda tinha que despachar o pacote. É... na faxina da mudança, resolvera dar fim nalgumas lembranças indesejáveis. E o pacote estava pesando na bolsa e em seu coração – mas só um pouco. Saiu já imaginando o trajeto que faria, para ganhar tempo e resolver tudo que precisava: passar no supermercado ou na mercearia, para comprar algo para comer mais tarde. Mas tinha a roupa que precisava lavar, não podia se demorar. Lembrou-se da ligação dele, que não pudera atender e resolveu retornar. Já passava pelo parque quando ele atendeu e disse que ela não se fosse ainda: ele estava no passeio do prédio, indo ao seu encontro! O sorriso inundou-lhe a face, mas ainda havia mais... Sorriram-se e abraçaram-se e comportaram-se como crianças felizes. Ela querendo pipoca doce com leite condensado, ele um jantar romântico e uma ‘esticada’. O convite veio de encontro aos seus desejos vespertinos, ainda que ela estivesse sob os efeitos da noite anterior. Como ele adivinhara? Mistério... –

Momento Educação Moral e Cívica

No meu tempo – aquele papinho nostálgico e em desuso! – tínhamos aulas de Educação Moral e Cívica (EMC) na escola. Não estávamos mais ginásio, mas também não tínhamos chegado à era do ensino fundamental ou médio: primeiro ou segundo grau, eram as denominações. Lembro-me que em casa possuímos várias ‘encicoplédias’, como dizia minha mãe, e diversas coleções de estudo – a Barsa não, o que me causava imensa frustração, já que era a enciclopédia mais afamada! Mas tínhamos Conhecer, Delta Larousse e posteriormente, a Delta Júnior! Sem falar no Dicionário Caldas Aulete, um luxo! Ah, os tempos em que nem computadores eram usados... Voltando às reminiscências, lembro-me bem de uma coleção de volumes pequenos, capa amarela com rostos e títulos em verde bandeira: “Vultos da Pátria”. Achava a maior sensação aqueles livrinhos pequenos – só mais tarde fui realmente descobrir sua finalidade e o que eram os vultos, ou melhor, quem eram. “Os brasileiros mais ilustres do seu tempo”, igualmente ilustres

16-11

De que adiantam as letras, símbolos, sinais gráficos, se a eles não se tem acesso em tempo hábil? Aquela ideia de dois dias atrás não necessariamente tem validade e/ou utilidade hoje. As postagens não são factuais e assim não se pretendem. Entretanto, para que se apreenda seu sentido, tanto melhor que as mensagens sejam transmitidas tão logo codificadas. Palavrórios à parte, que fique registrada minha autorevolta, sem com isso justificar minhas ausências.

Pedacinho do Céu

Passou atenta a tudo, no colo da mãe. Seus olhinhos azuis esmiuçavam e esquadrinhavam o ambiente, as pessoas: tantas cores e formas e cheiros – o shopping! Com certeza não era sua primeira incursão àquele universo, mas as novidades eram sempre renovadas ali, impossível acostumar-se... E para sua pequenez de tamanho e entendimento, era um mundo de sensações. Sua figurinha não passou despercebida pela mulher na mesa da praça de alimentação, que captou e capturou aquele pedacinho de céu no olhar infantil. A pequena devolveu a atenção e iniciou uma muda conversa. A mãe enterneceu-se, incentivando a socialização da filha. A mulher registrou sua aparência: ‘Olhinhos de Céu’ tinha o cabelo fino e castanho, quase dourado; sua compleição era frágil, diminuta, lembrava o corpinho delgado das ginastas. Quantos anos teria? A mulher não saberia precisar, talvez dois. Vestia um macaquinho curto, camisetinha e sapatos tipo boneca, deixando livres e nus perninhas e bracinhos. Pegou a mulher de surpre

De tudo um pouco - muito de nada

Tantas e quantas vezes as mesmas letras e palavras. A mesma ideia repetitiva. A mesma vida e as mesmas situações. “Um passo para a frente, dois para trás”. Quando a novidade vai me arrebatar? *** Gosto das letrinhas miúdas, com serifas. Das palavras soltas e livres. Das frases desconexas e desconectadas. Daquilo que as pessoas não percebem, não entendem, não compreendem. Gosto de sutilezas e vislumbres. Queria um poema. ***  Eu me atrapalho. Ando e tropeço. Respiro e sigo. Até que venha o desafio. Se cair, levanto. Eu sigo. *** Agora me aflijo. Vontade de tudo mudar. De tudo de novo sentir. De tudo novo sentir. De te sentir novo em mim. E ao mesmo tempo constante, presente, eterno. O sentimento fazendo sentido. Jogo de palavras. Eu as jogo, não posso aprisiona-las ou represa-las em mim. Meu sentimento já assim se encontra. As pessoas me interpelam, não quero interagir. Só que o tempo passe. “Espero que o tempo passe. Espero que a semana acabe. Para que eu posso te v

Registro previsto

Atravessou a rua correndo para não perder o ônibus. Todo dia a mesma coisa: acordava mais cedo, tentava adiantar-se, mas nada. Sempre correndo contra o tempo – como se fosse possível! E torcendo para que o trânsito ajudasse. Hoje ajudara: ela conseguiu pegar a condução a tempo e um lugar para sentar. Aproveitou para tentar acalmar o espírito, fez sua prece muda e cotidiana. Reforçou o ritual ao atravessar a portaria do prédio e teve a impressão que o segurança a observava. Impressão. Não tencionava aquele (mau) humor para o dia, então contou as últimas para o colega e sorriu! O dia passou ligeiro, lembrou-se dele e de toda a situação... Pausa para almoço. As tentativas de contato dele tornaram-se mais intensas, oscilando entre a firmeza e a urgência por atenção. Ela manteve-se inabalável – ou o mais perto disso possível.  Acabou tensionando a mente e o corpo em vários momentos e no final da tarde... cefaleia! Tomou seus compridos comprimidos vermelhos e aguardou pelo alívio. Na verdade

Epitáfio

Agora mensagens e telefonemas. E pedidos de perdão e declarações de amor. Mas quando não existiram? Então qual a diferença? Agora o arrependimento, a culpa, o medo. A dúvida, a espera e (o) talvez – adeus.

Polaroid

Está fluindo. Estou fruindo. Desse momento de ócio. Desta falta de ódio. Ando sem andar. Falo sem parar. Stop.

Escrevinhações

Eu não sei sobre o que escrever, mas na falta de coisa mais útil para se fazer, faço isso. Eu tinha até a mão (ou a cabeça) razoavelmente eficaz no que se refere a esses assuntos: escrever. Mas já há algum tempo que nada tenho feito ou praticado a respeito. Perdi a ‘transpiração’ ou coisa que o valha. Ou então me ocupei de coisas outras quiçá menos valorosas – resolvi adjetivar! Sentada aqui agora me pergunto porque os caminhos nos conduzem a lugares e pessoas inesperadas... Filosofias à parte, isso fez com que eu me metesse a desorganizar um pouco as ideias e extravasar nas letras e sinais gráficos!

7x7 - uma semana depois...

Mais uma vez o número 7 me assombrando...! Ou serei eu a lembrar-me dele insistentemente? Ato falho ou perseguição, fato é que hoje é dia 7 e nem faria a menor diferença – creio – não fosse a publicidade na tv enfatizar uma promoções de 7x, com 77 parcelas e sei lá mais o que! Pra que? Por que? Melhor lembrar do ‘setenta vezes sete’, muito mais útil e proveitoso! E ponto – pra que fui escrever isso???

Pit stop

Uma folha em branco, gigantesca. Um monte de pensamentos desencontrados e nem é tempo disso. Vontade de ser o Saramago e sair digitando desembestada, sem pontuação, tudo que me venha à cabeça e aos dedos. A cortina roça a parede fazendo um barulhinho estranho e todos os ônibus e carros passam lá fora num outro som, que já se tornou comum aos meus ouvidos. Já não sei mais da minha rotina antes disso, de quando eu estava noutro lugar, eu era outro eu e vivia outra vida. Não, eu não perdi minha identidade - será? Apenas me adaptei, fácil e rápido demais. Deixei meu apêndice há dois meses para me tornar um? Lembro-me agora das reflexões na sala de recuperação, antes de seguir pro quarto... A mente trabalhava tanto que ficava imaginando textos, trocadilhos com minhas perdas e ganhos. Agora tudo se foi, até aquela ótima frase que me veio outro dia. Perdi velhos e bons hábitos, indisciplinei-me. Adquiri vícios? Não sei ao certo, só que agora eu precisava escrever algo. O coração sempre guiou

3x4

Já se passaram dois enormes meses. De ócio, repouso forçado, amor, descobertas, estresses... Então lá vamos nós, rumo ao que virá. Dias e noites inteiras, metades e partes de nós... O que virá depois? O número 4!

o quê

Então assim será você daí eu de cá palavras e letras e símbolos sorrisos e línguas e dentes sorridentes eu em você você na minha mente no meu coração na minha vida (n)o meu presente

Pivetice

Amor, pleno, inteiro... revelo e relevo nossos desacertos... desejo-te, devoro-te, dispo-te de ti e a mim de mim mesma... somos eu e você e nós! Sou eu aprendiz de poetisa tento e invento e, no entanto... só sinto e vivo e sorrio! Porque contigo tudo é assim: fácil e difícil alegre e triste saudável e doente ontem e amanhã agora e sempre! Presente: você é meu presente, o melhor que eu poderia ter recebido! Que assim seja, eu pra você, você pra mim: PRESENTES ETERNOS!

Do dia do santo

Eu ando assim: invisível. Aos olhos nus, crus de emoção. Porque tenho existido e resistido noutro campo. O dos sentimentos, pensamentos e momentos. Amor, talvez. Paixão, com certeza. Presente e urgente.

Sobre todas as coisas indizíveis

Daqui a um pouco, um mês. Tanto tempo, tanta mudança. No entanto, nada mais igual que escrever sobre isso! Quisera algo diferente, pra variar... Um texto que fluísse e fulminasse - ocorreu-me essa palavra agora e quis usar, pronto! Nada me inspira e nem transpira, ao contrário: eu espirro. Hora de ir, sem nem mesmo ter chegado. A porta agora está trancada.

Memórias

Despertei. A lembrança... Do seu gosto, do seu cheiro, do seu toque... Meu corpo (re)tesa-se em compasso de espera... Aguardo-te. Anseio-te. Bom dia. ... O beijo. O frêmito. O meio-abraço. A expectativa. A conexão. O sorriso. ;) ... Tenho sono e cansaço e sede. O ônibus me conduz, mas não me leva... É o pensamento que me transporta, que me move e me guia... De novo o arrepio, o quente e o frio. De novo sorrio. ... Eu viajo: vou e volto e transcendo tempo e espaço. Ignoro e desprezo amarras, tabus, convenções: respiro, transpiro, desejo, sonho, sorrio. De novo viajo e nunca paro: eu vivo, plenamente!

Tudo pode mudar

A tela branca olha pra mim. Analisa-me, perscruta-me. Aguarda. Pacientemente. Ou não. Que eu me manifeste, interaja, reaja. Que eu tenha pulso, postura, todas as qualidades que agora me faltam. Não que elas inexistam, apenas estão ausentes. TPM.

Insônia

Procurando mais notícias, mais palavras, mais títulos... Só ficaram os sons: hora de tomar 'café' e dormir! Ao som de um doce lar, que não é o meu, mas que vai embalar meu sono...

À procura de um título

Ouço as músicas da década passada, atrasada... Sinto-me reconfortada aos sons de uma época em que tudo me era seguro - ou pelo menos assim eu acreditava. E existe mesmo segurança? Onde, quando? E por que tanta ânsia em sentir-se assim? Não seria mais simples apenas acreditar e viver? Você me conta do seu dia, dos acontecimentos do fim de semana, de dores e mazelas outras, de intoxicações alimentares. Mas não me diz de você. Não me deixa te sentir. Me dá seu corpo, seu gozo, sua disposição e seu cansaço. Mas o que sinto não é você: é este seu personagem, criado para interagir com nós outros(as). Vou-me e acho mesmo que estou te deixando... Mais que uma despedida no 'bom dia', com um beijo quase obrigatório: eu te deixo. Na rua, na esquina, na sua vida. No seu medo.

"Esperando por Mim" ou o que eu queria escutar de você

Sem muito o que escrever... Renato e sua Legião o fizeram, há tempos - e muito melhor: "Acho que você não percebeu Que o meu sorriso era sincero Sou tão cínico às vezes O tempo todo Estou tentando me defender Digam o que disserem O mal do século é a solidão Cada um de nós imerso em sua própria arrogância Esperando por um pouco de afeição Hoje não estava nada bem Mas a tempestade me distrai Gosto dos pingos de chuva Dos relâmpagos e dos trovões Hoje à tarde foi um dia bom Saí prá caminhar com meu pai Conversamos sobre coisas da vida E tivemos um momento de paz É de noite que tudo faz sentido No silêncio eu não ouço meus gritos E o que disserem Meu pai sempre esteve esperando por mim E o que disserem Minha mãe sempre esteve esperando por mim E o que disserem Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim E o que disserem Agora meu filho espera por mim Estamos vivendo E o que disserem os nossos dias serão para sempre."

Urgência

Eu preciso. Eu te preciso. De escrever, de falar, de ouvir, de calar. De você.

Hoje não tem sorriso

Como esta noite findará E o sol então rebrilhará Estou pensando em você... Onde estará o meu amor? Será que vela como eu? Será que chama como eu? Será que pergunta por mim? Onde estará o meu amor? Se a voz da noite responder Onde estou eu, onde está você Estamos cá dentro de nós Sós... Onde estará o meu amor? Se a voz da noite silenciar Raio de sol vai me levar Raio de sol vai lhe trazer Onde estará o meu amor?                                                          (Onde Estará O Meu Amor - Chico Cesar)

Na manhã

Tomou o coletivo no horário esperado, adiantada que chegou ao ponto do ônibus. Procurou por um assento vazio e acomodou-se, ouvindo seu radinho, como sempre. A sede fez com que se lembrasse do suco de uva, tão gentilmente providenciado no café da manhã - assim como os pãezinhos de queijo! O sabor remeteu-lhe à boca, àquela boca... "Ah, tomara que este gosto dure, pelo menos, por todo o dia!" - pensou. E sorriu.

O dia seguinte

Eu escrevo. Às vezes. E falo. Muito. Constantemente. Sinto e vivo e penso. Intensamente. Agora. Você.

O rei diria

Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer... Então eu sorrio: ainda é cedo pro amor... Caminhemos de mãos dadas ao seu encontro, então!

É vero, Veríssimo!

Saio correndo do trabalho, o sapato me aperta e o cansaço do dia me pega em cheio! Só penso no melhor caminho a fazer, pra chegar a tempo e, quem sabe, ainda comprar o livro! Ah, nessas horas eu me sinto parte, como se todos não fôssemos, afinal... Nada de elitismo ou exclusões... O pequeno auditório (quase uma sala!) está lotado: ninguém se lembrou QUEM é o autor?! Parece que muitos se lembraram, talvez seja a melhor resposta neste caso. E, assim como eu, quiseram vê-lo, ouvi-lo, apreendê-lo! Aperto-me entre os pequenos e grandes e esbeltos e obesos corpos amontoados e encontro um respiro. Meus iguais (!) interagem, trocando impressões. De repente, ELE passa na minha frente. Meu "Mr. Magoo" pessoal  (ocorreu-me isso agora!) passa como um simples transeunte numa calçada qualquer, impávido, colossal. Boquiaberta, controlo-me para evitar um arroubo de tietagem, traindo meus princípios éticos: quais? Nessa hora não sou profissional, sou fã. Muitos coleguinhas estão exercendo sua

Estranhamento

Não me reconheço nesta casa, neste corpo, nesta vida. Em tempo: posso deitar na BR? É que os trilhos, do trem, já foram requisitados... Preciso ser revista e revisitada, já!

Sobre os galináceos

Quando o galo canta, é sinal de algo: que o dia que amanhece ou até mau agouro - assim reza a lenda. Ou então que o relógio biológico do bicho tá desregulado: nesses casos, ele vai cantar em horas improváveis... Fato ou mito, o que não se pode negar é que, pra cantar, o galo tem em seu DNA esta característica gravada. E, primeiro, ele cacareja. A galinha não canta - pelo menos não a priori. Mas quando o galo não tem qualificação pra cantar, ou canta na hora errada... aí a galinha sai de cena. Aprendeu?

Desculpas sinceras que interessam

preciso atualizar-me, organizar-me, energizar-me: sem inspiração e cansada demais pra isso hoje! prometo que volto depois, tá?

A dança

Entraram: ele com uma blusa da "cor de burro fugido", o bonito com uma blusa azul piscina. Ela logo registrou a presença do bonito; ele era mero acessório. Ambos de bermuda e tênis: estavam na praia e ninguém avisara? Ela mesma parecia saída da academia, que podia dizer?! Encarou intensamente o bonito - é, ela estava 'naqueles dias'-, que pareceu registrar o inesperado assédio. Entre surpreso e satisfeito, o bonito ficou por ali, indo e vindo: "que nem galinha choca, procurando o ninho". Bordões à parte, o flerte pareceu se instalar. Ela não sabia muito bem lidar com a presença do passado bem ali, à mesa. Tentava ser natural e discreta, se é que isso é possível em temporada de caça! Então, a música: seria o conhaque fazendo efeito, os hormônios, ou tudo junto? Fato é que ela dançou, a princípio só. A dupla então retornou e o bonito iniciou uma conversa (eba!): "eu disse a ele pra dançar, que estava perdendo!" Oi? Como assim, ELE? E quanto a você, b

Reflexões da Grande Abóbora

Toda vez que a mãe lhe 'pedia' pra descascar um pedaço (quase sempre gigante) de abóbora moranga ela tinha ganas de gritar um sonoro e redondo não! Sentia-se de novo e mais uma vez com14 anos, quando tinha mesmo que lhe obedecer - e o que mudara de fato nestes anos todos??? Tá bom, muita coisa mudara - sua aparência no espelho que o diga! -, mas era sempre a mesma ladainha... Então ela se lembrava de quando a mãe cortara o dedo na luta com uma bendita abóbora: quase dava pra ver o osso, não sabia como ela não havia perdido a articulação do polegar! Então a culpa a dominava e ela se entregava, resignada (?), à tarefa...! E vinham-lhe então as reflexões: geralmente sobre os assuntos mal resolvidos, aqueles que ela tinha jogado num canto obscuro e indesejado da mente. De nada adiantava, lá vinham os inconfessáveis pensamentos pra lhe acompanhar a tarefa doméstica. É claro que o primeiro pensamento foi na mazela preferida: estar em casa àquela hora, sem um trabalho que fosse! Aff

Novidades

Fevereiro chegou e nem deu as caras em mim, ainda. Milhões de lembranças e referências, resistentes. Nada disso vai mais me assombrar. Só quero um novo olhar, um novo sorriso, eu mesma nova. E basta. E sorrisos e angústias compartilhadas.

Um dia

Um céu nublado O banquinho de tronco de árvore. O olho azul meio torto do gato. A friagem nas costas. A claridade cegante. Faltam-me as palavras. Sobram-me as emoções. Agora o sol! Vou tentando...

Comprovante de residência

Conversa e assunto e festa e gente nova. E você de novo. Eu vou, volto, ando e paro. Passo e repasso tudo. Como se eu pudesse voltar a fita, rebobinar o filme e mudar o curso da história. Como se pensar em você fosse capaz de algo diferente disso: pensamento. Tenho ganas de pensar outros pensamentos, nos quais você não se imiscua! Partir, só, pra um lugar onde você estava, até bem pouco tempo. Um lugar desconhecido desse desejo que se apossou de mim. Lugar onde eu não esperava por sorrisos, abraços, beijos, telefonemas ou mensagens de celular. Eu não quero, mas anseio. Eu finjo que evito, mas sou traída pelo que não escondo de mim. Escondo-me de ti, mas tu resides, já, em mim.

Romântico, pero no mucho...

Olhou em volta e resignou-se: ela deve estar no final da sessão de acupuntura... Com certeza nem pensava mais nele! Se bem que ontem ela lhe enviara uma mensagem no celular: agradecendo e desculpando-se! Ontem. Mas quem queria desculpas? Ele desejava mesmo era o destempero dela! Que ela não pensasse nem pesasse nada, que se jogasse - de preferência em seus braços e abraços e amassos...! Os pernilongos no quarto lhe devolveram à realidade. Melhor continuar com o artigo: era o único trabalho que tinha conseguido no mês e quanto antes o entregasse, melhor. A imagem dela no biquíni de bolinhas vez por outra vinha lhe fazer firulas na mente... Quem mais a veria naquele modelito? Na acupuntura não, com certeza! E que diferença faria, afinal: não era por outro que ela suspirava? Ah, as mulheres... Quem poderia ou poderá compreendê-las? Bicho esquisito que todo mês sangra, já dizia a rainha do rock brasileiro! Vivem dizendo que desejam um homem sensível, companheiro, divertido, blablablá..

Cenas

E todas as palavras ficaram rodando e rondando. Já não me recordo de uma que seja, pra dar vida àquela hora e instante. Não estou aqui de verdade. É lá que penso, sinto, lembro e esqueço.

Por causa dela

Eu queria um papel pra escrever. Coisas sobre mim. Sobre você. Sobre como todas as ideias pré-concebidas são apenas isso. Por que olhar tanto em volta e tão pouco pro lado? *** O meu desejo está contido e reprimido de você. Saio e te vejo - mas você já não está lá. Onde nos perdemos? Ou será que apenas nos atravessamos, sem nunca termos nos encontrado de fato?

Meu Brasil brasileiro

Um sol morno, de brilho um tantinho empalidecido em suas madeixas: o amarelo. A alvura da pureza em sua pele: o branco. Um céu límpido ou um mar transparente, que convida ao mergulho em seu olhar: o azul. Esperança tenho em fazer, minhas, as suas riquezas naturais: o verde. Cantar-te-ei, então.

Boa sorte

Então já se esqueceu? Libertou-se de mim assim? Ai, que alívio! Pensei que serias minha companheira constante... Que bom: tudo passou, foi superado? Desejo que descubra por ti mesma suas verdades. Teus medos genuínos e felicidades falsas... Que seja: boa sorte e boa morte! Porque viver é morrer um pouco a cada dia...

Quem?

Quem lê e não vê jamais poderá saber. Dos olhos inchados, da cabeça pesada. Dos dedos trôpegos ou frenéticos. Do silêncio forçado e amargurado. Da tentativa de sorriso constante. Do rosto que esconde e revela: sinais... De tantas tentativas e quantas derrotas! Do sorriso fácil e do pranto reprimido. Da pretensa maturidade e da eterna infantilidade. Da descrença e do otimismo. De se ser quem realmente é. De quem?

Fuga

Mantendo a frequência, literária - a cardíaca anda descontrolada... As palavras como antídoto para a loucura e o desespero.

Não é nada disso

Se me amas, não mintas. Se mentires, não reveles as verdades. Se nada do que peço pode fazeres... Desistamos! Amemo-nos mesmo assim... O que é amor, senão todas as mentiras que desejamos verdadeiras?

Surpresa

Sim: estou sonhando este sonho bem sonhado - valendo-me do Martinho para este delírio! Olhos sorumbáticos, enigmáticos. Querem esconder a genética e a sombra que os cobre. Mas eu os descubro, desvendo-lhes e despi-lhes de vergonhas... Não quero encenações: aceito sua máscara natural. (Sorria: providencio para ti um corretivo e seu olhar vai ficar iluminado!!!) Apaguemos agora as luzes e vejamo-nos no escuro: não são lindos nossos olhos e bocas? Sob o olhar do coração, nossas belezas saltam e gritam! Um grito surdo, inconfessável... Quando ele terá voz - se é que terá?!

Presente de Natal

Chovia, como de costume. Ainda assim, ela insistiu em sair. O que é que esperava encontrar debaixo daquele mundaréu de água, senão solidão molhada? Calçou-se do principezinho verde e foi... No caminho, o inesperado: uma conhecida há muito esquecida e estranhos afetuosos, simpáticos. Trocaram conversas amenas e natalinas enquanto aguardavam uma estiada. Ou a fila do caixa no supermercado. Sente-se tocada e, com a diminuição de tanta água proveniente não se sabe donde - do céu? -, ela prossegue. Adentra o shopping e vai direto ao outro supermercado (quanta obsessão pelas compras!), em busca de seu objetivo, nada nobre... Trocas, compras e constatações depois, é hora de voltar à sua solidão úmida. Úmidos estão seus pés e calças, frios como seus membros e seu coração. Ele, o tão aclamado órgão, que nada faz além de pulsar, alheio à tamanha responsabilidade emocional! No afã de se distrair, ela vaga e divaga... Entra na livraria: seu paraíso particular! O atendente sugere uma conversa: ela