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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Um dia

Um céu nublado O banquinho de tronco de árvore. O olho azul meio torto do gato. A friagem nas costas. A claridade cegante. Faltam-me as palavras. Sobram-me as emoções. Agora o sol! Vou tentando...

Comprovante de residência

Conversa e assunto e festa e gente nova. E você de novo. Eu vou, volto, ando e paro. Passo e repasso tudo. Como se eu pudesse voltar a fita, rebobinar o filme e mudar o curso da história. Como se pensar em você fosse capaz de algo diferente disso: pensamento. Tenho ganas de pensar outros pensamentos, nos quais você não se imiscua! Partir, só, pra um lugar onde você estava, até bem pouco tempo. Um lugar desconhecido desse desejo que se apossou de mim. Lugar onde eu não esperava por sorrisos, abraços, beijos, telefonemas ou mensagens de celular. Eu não quero, mas anseio. Eu finjo que evito, mas sou traída pelo que não escondo de mim. Escondo-me de ti, mas tu resides, já, em mim.

Romântico, pero no mucho...

Olhou em volta e resignou-se: ela deve estar no final da sessão de acupuntura... Com certeza nem pensava mais nele! Se bem que ontem ela lhe enviara uma mensagem no celular: agradecendo e desculpando-se! Ontem. Mas quem queria desculpas? Ele desejava mesmo era o destempero dela! Que ela não pensasse nem pesasse nada, que se jogasse - de preferência em seus braços e abraços e amassos...! Os pernilongos no quarto lhe devolveram à realidade. Melhor continuar com o artigo: era o único trabalho que tinha conseguido no mês e quanto antes o entregasse, melhor. A imagem dela no biquíni de bolinhas vez por outra vinha lhe fazer firulas na mente... Quem mais a veria naquele modelito? Na acupuntura não, com certeza! E que diferença faria, afinal: não era por outro que ela suspirava? Ah, as mulheres... Quem poderia ou poderá compreendê-las? Bicho esquisito que todo mês sangra, já dizia a rainha do rock brasileiro! Vivem dizendo que desejam um homem sensível, companheiro, divertido, blablablá..

Cenas

E todas as palavras ficaram rodando e rondando. Já não me recordo de uma que seja, pra dar vida àquela hora e instante. Não estou aqui de verdade. É lá que penso, sinto, lembro e esqueço.

Por causa dela

Eu queria um papel pra escrever. Coisas sobre mim. Sobre você. Sobre como todas as ideias pré-concebidas são apenas isso. Por que olhar tanto em volta e tão pouco pro lado? *** O meu desejo está contido e reprimido de você. Saio e te vejo - mas você já não está lá. Onde nos perdemos? Ou será que apenas nos atravessamos, sem nunca termos nos encontrado de fato?

Meu Brasil brasileiro

Um sol morno, de brilho um tantinho empalidecido em suas madeixas: o amarelo. A alvura da pureza em sua pele: o branco. Um céu límpido ou um mar transparente, que convida ao mergulho em seu olhar: o azul. Esperança tenho em fazer, minhas, as suas riquezas naturais: o verde. Cantar-te-ei, então.

Boa sorte

Então já se esqueceu? Libertou-se de mim assim? Ai, que alívio! Pensei que serias minha companheira constante... Que bom: tudo passou, foi superado? Desejo que descubra por ti mesma suas verdades. Teus medos genuínos e felicidades falsas... Que seja: boa sorte e boa morte! Porque viver é morrer um pouco a cada dia...

Quem?

Quem lê e não vê jamais poderá saber. Dos olhos inchados, da cabeça pesada. Dos dedos trôpegos ou frenéticos. Do silêncio forçado e amargurado. Da tentativa de sorriso constante. Do rosto que esconde e revela: sinais... De tantas tentativas e quantas derrotas! Do sorriso fácil e do pranto reprimido. Da pretensa maturidade e da eterna infantilidade. Da descrença e do otimismo. De se ser quem realmente é. De quem?

Fuga

Mantendo a frequência, literária - a cardíaca anda descontrolada... As palavras como antídoto para a loucura e o desespero.

Não é nada disso

Se me amas, não mintas. Se mentires, não reveles as verdades. Se nada do que peço pode fazeres... Desistamos! Amemo-nos mesmo assim... O que é amor, senão todas as mentiras que desejamos verdadeiras?

Surpresa

Sim: estou sonhando este sonho bem sonhado - valendo-me do Martinho para este delírio! Olhos sorumbáticos, enigmáticos. Querem esconder a genética e a sombra que os cobre. Mas eu os descubro, desvendo-lhes e despi-lhes de vergonhas... Não quero encenações: aceito sua máscara natural. (Sorria: providencio para ti um corretivo e seu olhar vai ficar iluminado!!!) Apaguemos agora as luzes e vejamo-nos no escuro: não são lindos nossos olhos e bocas? Sob o olhar do coração, nossas belezas saltam e gritam! Um grito surdo, inconfessável... Quando ele terá voz - se é que terá?!

Presente de Natal

Chovia, como de costume. Ainda assim, ela insistiu em sair. O que é que esperava encontrar debaixo daquele mundaréu de água, senão solidão molhada? Calçou-se do principezinho verde e foi... No caminho, o inesperado: uma conhecida há muito esquecida e estranhos afetuosos, simpáticos. Trocaram conversas amenas e natalinas enquanto aguardavam uma estiada. Ou a fila do caixa no supermercado. Sente-se tocada e, com a diminuição de tanta água proveniente não se sabe donde - do céu? -, ela prossegue. Adentra o shopping e vai direto ao outro supermercado (quanta obsessão pelas compras!), em busca de seu objetivo, nada nobre... Trocas, compras e constatações depois, é hora de voltar à sua solidão úmida. Úmidos estão seus pés e calças, frios como seus membros e seu coração. Ele, o tão aclamado órgão, que nada faz além de pulsar, alheio à tamanha responsabilidade emocional! No afã de se distrair, ela vaga e divaga... Entra na livraria: seu paraíso particular! O atendente sugere uma conversa: ela