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Parêntese afetivo

O dia está ensolarado, é sexta-feira. Tudo colaborando para o bom humor - que não vem. Ele continuava lutando pra esquecer, pra superar... mas como? Se cada coisa lembrava-lhe dela. Se queria a todo momento compartilhar algo - com ela. Como retroceder no sentimento e tornar-se indiferente àquilo que lhe ia no peito? Até a nova colega de trabalho, simpática e sempre presente, tinha o mesmo nome dela: precisava?! E então... uma mensagem de bom dia, carinhosa... dela! Pronto: todo seu esforço, toda tentativa de ser forte, foi tudo por água abaixo! Seu ânimo melhorou, até brincou com os colegas... ah, o afeto: sempre ele! 

Refazendo-me

E então o retorno.  Sem imagem.  Uma volta às origens.  Este que "abandonado" ficou, substituído foi, agora faz-se veículo de expressão.  Ainda e sempre.  A vida sendo irônica: aqui onde tudo começou, derivou.  Aqui, refrigério e refúgio.  E tomada que fui pelo rolo compressor virtual, escrava que fui das impressões alheais, esqueci-me de apenas ser.  Eu, eu mesma e...  Volto a mim, em busca de me assentar e reequilibrar em 48 voltas em torno do Sol.  Porque o tempo vai, célere, já descendo a encosta... e tenho urgências de sorrir, de brincar, de amar... Volto. 

Ode Helênica

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Quantos sorrisos e alegrias cabem em 30 anos? Quanto aprendizado, tristezas, decepções e recomeços? Mensuramos os dias, a vida, em números. A cronologia nos acompanha e norteia, desde sempre. Mas não pode nos quantificar o sentimento. Porque é de afeto que nos qualificamos e necessitamos. É dele que nos abastecemos. É ele que nos move e envolve, impulsiona-nos a prosseguir. Os números são apenas símbolos quando de amor tratamos. E já que de simbolismo nos valemos, celebremos esta data! Há 30 anos seus olhos se abriram para esta existência. Ela veio, reencontrou-nos e fez-se presente em nossas vidas. Chegou assim, meio sem avisar - será mesmo? Não sabiam nossos corações desse amor que nos estava reservado? Cientes ou não, a ele nos entregamos e rendemos. Porque seu afeto é doce rendição e  redenção. Porque seu seu carinho, sua delicada e firme presença nos enlevaram e conquistam, diariamente. O bebê se fez criança, a criança se fez aprendiz da mulher que hoje enaltecemos. Poderia aqui d

Acima das nuvens, abaixo do céu

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Subiu a rua quase correndo, arrastando a mala de rodinhas, de chinelo mesmo: só calçou os saltos no terminal. Não seria nada bom enfrentar aquelas calçadas portuguesas em cima de pelo menos 5 cm! Ainda estava apreensiva com o horário, mas decidiu arriscar e se jogar: era mais que um salto no escuro, era literalmente um salto no espaço! Contou os minutos até o aeroporto, mas nem deveria ter se preocupado tanto: chegou e foi tudo rápido e eficiente, logo já estava no seu apertado assento, na janela. Nem se importou, foi logo fazendo amizade com os companheiros de fileira, expondo toda sua fagueira mineiridade! Ela tentava se controlar, mas seu entusiasmo era notório e audível. Quando o avião começou a taxiar e acelerou, ela se entregou, fez-se criança novamente e vibrou com a decolagem! Olhou as luzes se afastando, brilhando cada vez mais ao longe e, assim como a aeronave, subiu. Elevou-se em corpo e mente, deixou-se levar pela sensação que a invadia e desfrutou daquele momento. Viajou.

Cores (res)guardadas

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As flores caíram.  Guardo-as na folha dobrada, dentro do envelope.   Não há beleza no vaso, agora só galhos vazios.  As folhas estão amarelando.   É o outono do presente.   Há que se aguardar o tempo do renovo.   Porque assim é: as estações se sucedem.  Assim somos: quatro estações.  No futuro, inverno: agasalhemo-nos dos nossos afetos reais.  E então florir novamente!  Tempo de espera. 

Sem medo de avião

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Depois de mais de 40 anos, vou voar de novo! Com asas emprestadas, mas vou. As minhas tenho usado diariamente, aqui e ali. Verdade que há 6 meses tenho empreendido voos mais frequentes. Começaram com um salto no escuro. E não me assustei. Ao saltar, percebi que tinha asas – e podia voar. Então tenho voado: voos longos, curtos, baixos e altos. Como todo voo, há momentos de pegar impulso, bater as asas, planar, alterar a rota, pousar. Mas sempre apreciando a paisagem. Tenho visto muitas paisagens, os cenários mudam a todo instante. Necessário saber entender essa inconstância – ainda estou aprendendo. Quisera um céu de brigadeiro todos os dias! Na impossibilidade do ideal, vivo o real. Todos os dias me dão possibilidade de voo. Nem sempre decolo. Há dias de ficar em terra firme. Há dias de estudar o melhor plano de voo. Nesses mais de 180 dias, desde que saltei, houve também dias de querer desistir de voar. De olhar pro céu e ter dúvidas, muitas. É sempre um risco, qualquer voo – o risco

Entreouvidos

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Dentro dos ônibus que me levam e me trazem, escuto histórias, vejo vidas. Nos caminhos que me são necessários percorrer, ouço, imagino e viajo. Crio enredos, traço desfechos. Como no caso de Daniel e Alice, por exemplo. Hoje em dia ele não se mata mais de trabalhar: não tem mais 20 anos, agora ele quer mais é aproveitar a vida! Fala pra Alice que ela tem que parar de ficar correndo pra lá e pra cá em dois empregos: esse tempo já foi. Que a gente tem que planejar e ralar muito até os 40 anos. Se depois disso não tiver conquistado casa, emprego, família, tem que focar em aproveitar os momentos. Agora ele vive assim. Arrumou um lugar baratinho  pra almoçar no centro e assim, quando chega em casa, tem mais tempo pra si. E pros seus filhotes, motivo de sua dedicação e esforço materiais. Alice parece meditar sobre as palavras de Daniel, mas logo engata outro assunto: o reality show, que ela acompanha 24h/dia, com a assinatura que fez - menos quando a chefe está. Não dá pra ela vacilar, empre