Acima das nuvens, abaixo do céu

Subiu a rua quase correndo, arrastando a mala de rodinhas, de chinelo mesmo: só calçou os saltos no terminal. Não seria nada bom enfrentar aquelas calçadas portuguesas em cima de pelo menos 5 cm! Ainda estava apreensiva com o horário, mas decidiu arriscar e se jogar: era mais que um salto no escuro, era literalmente um salto no espaço! Contou os minutos até o aeroporto, mas nem deveria ter se preocupado tanto: chegou e foi tudo rápido e eficiente, logo já estava no seu apertado assento, na janela. Nem se importou, foi logo fazendo amizade com os companheiros de fileira, expondo toda sua fagueira mineiridade! Ela tentava se controlar, mas seu entusiasmo era notório e audível. Quando o avião começou a taxiar e acelerou, ela se entregou, fez-se criança novamente e vibrou com a decolagem! Olhou as luzes se afastando, brilhando cada vez mais ao longe e, assim como a aeronave, subiu. Elevou-se em corpo e mente, deixou-se levar pela sensação que a invadia e desfrutou daquele momento. Viajou. Quando atingiram 10 mil pés, o avião pareceu parar nos céus e ela viu as luzes por entre as nuvens, pequenos pontinhos de vida distante. Inquietou-se com aquela súbita quietude, atenta ao passar do tempo. Quando já estava se acostumando àquilo, ouviu o anúncio de preparação para o pouso: mas já?! Ficou surpresa e frustrada, alegre e ansiosa por finalizar aquela experiência e dar início a mais uma aventura: o fim de semana estava só começando! Deu play no coração e pegou a mala na esteira. Sorriu quando viu a conhecida figura aguardando-a no desembarque. Em terra firme, em cima do salto, sentiu-se nas nuvens.

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