Sem medo de avião


Depois de mais de 40 anos, vou voar de novo! Com asas emprestadas, mas vou. As minhas tenho usado diariamente, aqui e ali. Verdade que há 6 meses tenho empreendido voos mais frequentes. Começaram com um salto no escuro. E não me assustei. Ao saltar, percebi que tinha asas – e podia voar. Então tenho voado: voos longos, curtos, baixos e altos. Como todo voo, há momentos de pegar impulso, bater as asas, planar, alterar a rota, pousar. Mas sempre apreciando a paisagem. Tenho visto muitas paisagens, os cenários mudam a todo instante. Necessário saber entender essa inconstância – ainda estou aprendendo. Quisera um céu de brigadeiro todos os dias! Na impossibilidade do ideal, vivo o real. Todos os dias me dão possibilidade de voo. Nem sempre decolo. Há dias de ficar em terra firme. Há dias de estudar o melhor plano de voo. Nesses mais de 180 dias, desde que saltei, houve também dias de querer desistir de voar. De olhar pro céu e ter dúvidas, muitas. É sempre um risco, qualquer voo – o risco é todo meu, quando decolo. E voar é muito disso: correr riscos. Pode haver turbulência, o clima mudar no meio do caminho ou acontecer alguma pane no motor. Eu escolho voar, mesmo assim. Porque sei que estar nas alturas, ver a paisagem, curtir o passeio e chegar ao meu destino compensam os riscos. Então vou tomar asas emprestadas pra mais um voo. Nesse, o risco é dividido: eu acredito nas asas alheias pra me levarem e elas têm a responsabilidade de voar, comigo. É também um voo diferente: me remete ao passado, resignifica meu presente e me conduz ao futuro! E assim, compartilhado, combinado, é muito melhor! Voo e vou, com os riscos de sempre, mas acreditando nas asas: minhas e emprestadas. Porque nunca tive medo de avião e desejo, ainda, muitas horas de voo! 

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